quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um só coração e uma só alma: “Perseverar na fé não é fácil!”


Padre Agostinho Cruz
afs.cruz@hotmail.com

Neste mês de maio, mês dedicado a Virgem Maria, a fim de que, imitando suas virtudes, sejamos configurados ao Seu Filho Jesus Cristo, quero voltar-me para o testemunho de homens de fé, que sabem ser dóceis diante da ternura de tão grande e bondosa mãe.

Há um ano venho experimentando uma grande graça em meu sacerdócio; estou descobrindo e vivendo a fé, de uma maneira nova, junto com centenas de homens, de todas as idades e condições financeiras. Tudo acontece de um jeito tão simples, quanto é Aquela que congrega a todos, a Virgem Maria. Refiro-me ao GOTH, grupo de oração Terço dos Homens, em Icoaraci. Nunca pensei e nem desejei que ver tantos homens empunhando seus terços e rezando com fervor, amor e devoção semanalmente na igreja. É bem verdade, que já começamos grande, desde o primeiro encontro, no qual já erámos mais de cem; e de lá para cá o grupo cresceu em número e nos benefícios recebidos de Deus; hoje somam-se a este grupo, mais de 500 homens. É por isso, que hoje partilho com vocês leitores essa experiência.

Não é fácil falar de Deus, quando se tem a consciência de que Deus é mistério e presença; não é fácil dizer ao outro, Deus te ama, e não dar-lhe certeza desse amor. Pelo contrário, é das missões, a mais exigente, pois sempre exigirá de quem anuncia o amor de Deus a vivência do mesmo. Dentro desse desafio, junto com alguns irmãos da paróquia, resolvemos exercitar em nós e para os homens que não vinham à paróquia, “o dar-se sem medida”, a disponibilidade do serviço, a fim de aqueles que estavam sendo atraídos, sentissem realmente que a Igreja é a casa deles. E assim transcorremos nestes doze meses de apostolado através da reza do terço.

E o que o terço pode produzir no coração de um homem? Terço não é uma oração feita pelas senhoras idosas? Não, a oração do terço é uma fonte inesgotável de encontro com Cristo; é um adentrar no mistério salvífico e perceber-se amado por Cristo. O terço é a oração dos perseverantes, daqueles que pedem na certeza de que um dia irão receber. Eis o testemunho de um dos homens do terço:

“A partir deste momento passei a praticar mais minha fé cristã, voltando a assistir as missas, fazendo minhas orações diariamente, sendo lentamente mudado pelo amor de Jesus. Ainda com todas as dificuldades e cobranças que não cessavam, me sentia reconfortado em conversar com Deus diariamente. Amigos, perseverar na fé não é fácil, apesar de outras religiões mostrarem como que se fosse banal e imediato receber um milagre. Sempre senti no fundo de meu coração que sim é possível receber uma graça de Deus, mas no seu devido tempo, pois sei que o relógio divino não é igual ao relógio humano, e tudo acontece ao seu devido tempo” (Rildo Saint Clair Barros da Silva, Icoaraci).

“Sou o que sou pela graça de Deus” (1 Cor 15,10), ensina São Paulo, mostrando que nenhuma transformação verdadeira acontece por méritos próprios, tudo é graça; e sem ela ninguém vive em Deus e para Deus. De outro modo, confiar-se a Nossa Senhora é fazer a experiência de ser pequeno, de ser filho, de ser criança, mesmo quando a inocência já não existe mais; é poder dobrar os joelhos e fechar os olhos, na certeza de que a Mãe reza junto conosco. É isso que vejo nestes homens do Terço, ou “homens de fé”, como costumo chamá-los.

Eu, também, enquanto sacerdote aprendo com esses homens. Eles passam o dia no trabalho, deixam suas famílias e partem para mais uma jornada laboriosa, a fim de prover a elas o sustento necessário e um algo a mais. Isso é o dia a dia deles. O diferencial estar no fato de que esses homens não saem mais de casa sem o seu terço, e na ida para o trabalho, ou num tempo livre do mesmo, aproveitam para rezar. É bonito vê-los chegando à igreja. É todo um rito: deixam a esposa em casa, despedindo delas e das filhas, porque os filhos os acompanham, e saem para encontrar outros homens, que outrora encontravam no campo, no bar e outros cantos da vida. Eles sentem-se em casa na igreja; ficam atentos às palavras, cantam com a alma e o coração, inundando a igreja de um canto forte e emocionante; depois dobram os joelhos e rezam por si e por todos, num só desejo e numa só voz. E quando saem da igreja, o clima de fraternidade perpassa a todos. Mas o melhor estar por vir. É quando chegam em suas casas que a graça acontece. Depois do terço, agora junto da esposa, antes de dormir, partilham com elas as maravilhas que viveram como homem do terço. Ao contar eles recordam o que Deus lhe fez, e as esposas ao ouvi-los, deixam-se tocar, também, por Deus. Eles acabam fazendo o apostolado dentro da própria família. Tem graça maior que essa?

Juntos, padre e homens do terço, temos procurado viver na certeza da fé, de que não somos mais crianças em idade, mas sempre a seremos diante dos olhos de nossa graciosa Mãe, a Virgem Maria, porque, como diz a canção do Padre Zezinho: “O teu amor cresce com a gente; a mãe nunca esquece o filho ausente. Eu chego lá em casa chateado e cansado, mas eu rezo como antigamente./ Nas Ave - Marias que hoje eu rezo, esqueço as palavras e adormeço. E embora cansado, sem rezar como eu devo, eu de Ti Maria, não me esqueço” (Maria de minha infância).

E para ajudá-los a compreender essa graça de Deus, Rildo Sant Clair, fala-nos daquilo que a oração do Terço produziu nele e nos outros homens: “Queridos, dificuldades, ainda tenho, mas entendo que o sofrimento que vivi, fez parte para minha mudança; aprendi a respeitar mais, ter mais paciência, ganhei mais sabedoria, e aprendi a perdoar mais os outros e a mim mesmo. Hoje sou uma pessoa melhor”.

Portanto, não esqueça: “Pela fé, o homem submete completamente sua inteligência e sua vontade a Deus” (Catecismo da Igreja Católica, 143).

Fonte: Voz de Nazaré

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