novembro 6th, 2012
Estamos diante de um texto
que nos relata o convite ao grande banquete que prefigura aquele do
qual, um dia, participaremos eternamente. Dentre os vários aspectos que
se pode destacar estão os servos enviados pelo dono da casa, os
convidados ao banquete e, por último, as consequências do “aceitá-lo” ou
“não”.
De duas formas foram enviados os servos.
Primeiro, um convite; logo, um segundo convite para o dono da festa
estar seguro da presença dos convidados. Evidentemente, os servos eram
os profetas. Temos as palavras de Isaías (cf. 41,8), na qual vemos que
todo o povo de Israel era considerado como servo: “Mas tu Israel,
servo meu, tu Jacó a quem escolhi, descendente de Abraão, meu amigo”.
Porém, como enviados – não como acolhidos ou escolhidos – os
verdadeiros servos são os profetas, segundo Jeremias 7,25: “Desde o
dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos
todos os meus servos, os profetas, todos os dias, começando de
madrugada, eu os enviei”.
A primeira leva corresponde aos profetas
do Antigo Testamento. De modo especial a João Batista, que começou
declarando que “o Reino está à vista” (cf. Mt 3,2) e enviado como
mensageiro segundo Mc 1,2. Como segunda leva, temos o próprio Jesus e
Seus apóstolos, a quem o próprio Senhor enviou em missão (cf. Mt 10,1;
Mc 3,13 e Lc 9,2). Tanto num caso como noutro, os convivas não aceitaram
o banquete.
Os convivas eram o povo judeu,
representado pelos seus dirigentes. Deduzimos isto pelo próprio
comentário de Jesus sobre a conduta dos fariseus e escribas: “Não
entrais nem deixais entrar os que querem fazê-lo” (Mt 23,13). Os
fatos, ajustando-nos ao tempo histórico de Jesus, dão razão ao
desenvolvimento da parábola: João, o primeiro arauto do Reino, foi
decapitado pelo tetrarca da Galileia e os chefes dos sacerdotes e os
anciãos não reconheceram sua função profética (cf. Mt 21,27.32). O
próprio Jesus, em cuja pessoa radicava o Reino, foi rejeitado e morto
por instigação dos dirigentes, o Grande Sinédrio (cf. Mt 29,16-19). Os
discípulos também foram perseguidos, como Estevão e São Tiago Maior. E
até Pedro, que se livrou de modo especial da morte.
Ao saber o rei como foram tratados os
seus servos, montou em cólera e enviou soldados para destruírem aqueles
homicidas e queimarem a sua cidade. Jesus descreve o castigo brutal que
era devido a uma cidade rebelde segundo os costumes da época. Os homens
eram mortos ou escravizados. A cidade era entregue às chamas.
Evidentemente, é o que aconteceu com Jerusalém diante da qual Jesus
chorou exclamando: “Deitarão por terra a ti e a teus filhos no meio
de ti, e não deixarás de ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o
tempo em que foste visitada” (Lc 18,44). E o mesmo acontecerá
conosco se não aceitarmos o convite à conversão!
Há duas partes na parábola que devemos
distinguir e diferenciar para entendê-la melhor: a primeira é sobre a
rejeição dos judeus, especialmente de seus dirigentes, que ainda perdura
como referência atual de que as palavras de Jesus têm força total: “Nenhum
dos convivas provará meu jantar” (Lc 13,24).
No Reino, haverá sempre pessoas
indignas, a mistura do joio com o trigo do capítulo 13 de Mateus. Nem
todos terão a veste limpa que era exigida nas bodas – que significa que a
bondade deve ser a marca dos convivas novos, como também é a marca de
Deus, pois essa bondade divina nos atinge não só como um exemplo a
imitar, mas também como um mandato a cumprir. Por isso dirá Jesus: “Sede
misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
Talvez a melhor explicação sobre a veste
nupcial seja a dada por Paulo em 1 Cor 6,9 sobre os herdeiros do Reino –
aqueles que entraram, mas não puderam permanecer: “Nem os devassos,
nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os
pederastas, nem os ladrões, nem os gananciosos, nem os beberrões, nem os
caluniadores, nem os rapaces herdarão o reino de Deus”.
Outra passagem que não podemos esquecer é
a que vimos, anteriormente, sobre os eleitos do Cordeiro (Primeira
Leitura). O amor está como “motor último” dessas virtudes que alguns
chamam passivas, mas que exigem uma fortaleza inusitada. Com elas
imitamos a Deus rico em misericórdia (cf. Ef 2,4) e o Verbo que, sendo
rico, despojou-se da glória de sua divindade mostrando a humilde
condição humana e “humilhou-se, tornando-se obediente até a morte e
morte de cruz” (Fp 2, 6-8).
Padre Bantu Mendonça
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Nossa Senhora das Vitórias te cubra de Bênçãos