Tenho um coração agradecido diante de Deus?
novembro 14th, 2012
“Não foram dez os
curados? E os outros nove, onde estão?” A obediência daqueles dez
leprosos à Palavra de Jesus os levou à cura, mas, aparentemente, a falta
de gratidão de nove agraciados os desvia de quem foi o Salvador. Em
Jesus, aquele leproso samaritano – infiel e herege segundo os judeus –
encontrou o Deus verdadeiro e o Seu representante na terra. Por isso,
dirá Jesus ao samaritano: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
Há, pois, um contraste entre cura e salvação que o mundo atual não
percebe, porque os bens imediatos – embora não sejam tudo – são os
únicos que interessam e preocupam à maioria.
Aqueles leprosos marginalizados
aproximam-se de Jesus. Apesar de sua total culpabilidade perante Deus e
os homens, eles têm esperança. Sua cura dependia daquele Mestre, de quem
tinham ouvido falar como grande médico e curandeiro. O grito deles pode
ser também o nosso, quando a esperança só tem como base a bondade
divina: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”
Como pensamos que Deus vê nossas vidas?
Limpos e puros ou tão terrivelmente marcados pelo mal que parecemos
leprosos cheios de imundície?
O ponto de partida para a ação divina é a
súplica. Jesus não os busca; são eles que buscam Aquele que tem poder
para curá-los. O resto é um mandato: conformem-se com a Lei, se é que
querem viver em sociedade novamente. No tempo do profeta Eliseu, Naamã
recebeu a ordem de se lavar no Jordão. Agora, com Cristo, os dez
leprosos foram enviados ao sacerdote. Nada há de anormal ou
extraordinário em ambas ocasiões. É a obediência que atrai a ação de
Deus e transforma o homem em Seu Filho amado no qual encontra
satisfação.
O agradecimento é essencial nas relações
com Deus. Todos nós somos semelhantes aos nove leprosos curados.
Incapazes de uma súplica que não seja uma petição de ajuda. Uma vez
obtida a mesma, esquecemos o louvor, o elogio, a ação de graças. Nossa
religiosidade tem muito de oportunismo, de interesse, de ingratidão.
Conformamo-nos com o nosso bem-estar e esquecemos o muito que temos
recebido como dom. O pouco mal que nos atinge não nos permite enxergar o
muito de bem que nos rodeia. Por isso, a queixa é mais abundante que o
louvor.
Por esse egoísmo próprio de quem só olha
seu próprio bem, esquecemo-nos que os bens são fruto de uma dádiva
divina. Não nos servimos de Deus, nós servimos a Ele. E a melhor maneira
de servi-Lo é agradecê-Lo e obedecê-Lo.
Esquecemos que os bens agora possuídos
são uma simples amostra do que nos espera se a gratidão toma conta de
nossas vidas. O canto às misericórdias de Deus, nesta vida, é só o
começo do canto sem fim que será o “modus vivendi” na eternidade. Desde
já, devemos aprender a recitá-lo, caso queiramos vivê-lo como
experiência existencial.
A gratidão implica em ações de graças,
pelas quais comunicamos e partilhamos com os outros os bens recebidos
por nós.
Pai, que o meu coração, repleto de fé,
reconheça Jesus que me liberta de todas as lepras que o mundo semeia
entre os homens.
Padre Bantu Mendonça
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Nossa Senhora das Vitórias te cubra de Bênçãos