Jesus era consciente de que um
efeito – ainda que não desejado – do seu trabalho ia ser causa de divisão entre
os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso,
inflamou a ira dos funcionários do Templo e de todos os que se consideravam os
“donos da verdade”. O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários
lúgubres saturados de doutrinas e sedentos de poder.
Mas o fogo de Jesus não é o fogo das
paixões políticas. É o fogo do Espírito que tem que ser provado na entrega
total, no batismo da doação pessoal. É o fogo do amor que gera vida e anula as
forças da morte.
Em continuidade ao ministério de
Jesus, as comunidades contam com a luz e a força do Espírito Santo. Cabe a
estas comunidades propagar este fogo ao mundo. Tendo lançado o fogo do amor,
Jesus terá o seu batismo, recebido de João, levado à plenitude pela aceitação
da morte a que está condenado pelas autoridades judaicas. É um fogo que prende.
Aí, onde se abandonaram os interesses pessoais e se busca um mundo de irmãos.
A paz de Jesus é um fogo purificador
que não se confunde com a “Pax Romana”. Aquela paz que Roma – ou outra qualquer
sociedade humana – se esforça por proclamar. Esta é só uma tranquilidade
institucional que garante a vantagem dos opressores sobre os oprimidos, do
império sobre os subalternos, da injustiça sobre o direito. A paz de Jesus não
é como a paz dos poderosos deste mundo: paz sob o medo e sob a opressão. A paz
de Jesus é fruto do compromisso com a verdade e com a justiça na regeneração da
vida.
O fogo purificador de Jesus faz
amadurecer os mensageiros, os discípulos, os profetas, os apóstolos.
Assim, assumir este compromisso provoca
divisões em relação àqueles que, mesmo dentro da família, preferem continuar
sob o domínio desta falsa ideologia e sua paz ilusória, e com seus ideais de
inserção no mercado global, de sucesso pessoal e enriquecimento.
O destino deles – como o do Mestre –
é sair ao encontro da obscuridade com um clarão que revele tudo o que a ordem
atual esconde. O fogo também põe às claras as deficiências pessoais, as
ambições subterrâneas, os desejos reprimidos. O fogo que se prova com a entrega
total ao serviço do Evangelho.
Padre Bantu Mendonça
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Nossa Senhora das Vitórias te cubra de Bênçãos