O
Evangelho de hoje trata de um assunto que nunca sai de moda: a vaidade, a
soberba, o orgulho, a avareza, ou seja, dos sete pecados capitais que se resume
no desejo de ser grande. O desejo de se sentir importante é um dos mais
primitivos desejos do ser humano. Aliás, o ditado popular diz que o coração do
homem é insaciável de ambições: “Quanto mais tem mais quer”.
Diferentemente
da nossa maneira de pensar e olhar, Jesus nunca olha para uma pessoa, mas
sempre olha através da pessoa. Quando olhamos para alguém, não percebemos o que
aquela pessoa está passando, pensando e sentindo. Isso nós só conseguimos saber
quando nos anulamos e nos colocamos no lugar da outra pessoa. Jesus foi, então,
o maior de todos os psicólogos que já existiu. Ele sondava o coração, e era
capaz de ser aquela pessoa.
Na
passagem de hoje, Ele sondou o coração dos discípulos e sentiu que eles se
perguntavam quem, dentre os Doze, seria o maior. Eles eram humanos como nós, e
dentro do grupo procuravam uma posição de destaque. Observe que Jesus não
coloca todos no mesmo patamar. Jesus admite que haja a possibilidade de alguém
ser maior que os outros. Existe uma hierarquia no Reino dos Céus. Mas essa
hierarquia é o inverso da nossa.
Aqui,
neste mundo, quanto maior for a sua posição mais inacessível você se torna. Na
hierarquia de Jesus, quanto mais acessível você for maior a sua posição. Viu
como inverte duplamente? Neste mundo, você cresce e se torna inacessível;
no Reino dos Céus, você se torna acessível e cresce!
Quando as
pessoas tiverem medo e resistência em falar com você, significa que algo está
errado. O primeiro passo é assumir. Se você não assumir, não vai conseguir nem
passar para o segundo passo: descobrir o porquê. A maioria das pessoas quer
interagir mais, ter mais e melhores amigos. Mas só o farão se encontrarem
abertura no seu coração. E isto pode ser na forma de um sorriso, uma
brincadeira ou até em você saber o nome da pessoa e chamá-la pelo nome. E
esse já é o terceiro passo: abrir-se. Em pouco tempo, você já vai ser tão
solicitado, que não vai dar nem conta de tanta responsabilidade.
O
missionário do Reino, portanto, não pode desprezar ninguém! A criança que Jesus
tomou em seus braços nesta passagem, representa não só as crianças, mas todos
os que são excluídos neste mundo.
Jesus nos
revela hoje a novidade do projeto de Deus: é um mundo de justiça, de vida plena
para todos, abolindo os privilégios daqueles que concentram poder a partir da
acumulação de riquezas ou do prestígio religioso. Percebe-se, nos Evangelhos, que
os discípulos vindos do Judaísmo sempre tiveram dificuldades em compreendê-lo.
Estavam tomados pela ideologia messiânica nacionalista. Como Jesus falou para
eles sobre a fragilidade de sua condição humana, vulnerável ao sofrimento e à
morte, aludindo ao fim que pressentia acontecer em Jerusalém e os discípulos
não entenderam e logo em seguida, passam a discutir quem seria o maior,
pensando que Jesus estaria na iminência de conquistar o poder, assim também Ele
quer falar para nós.
Jesus nos
apresenta como exemplo e, sobretudo, condição para sermos os maiores no Seu
Reino o olhar puro e simples de uma criança. A criança como símbolo e modelo de
humildade e exclusão do Reino dos Céus. Somos chamados a viver dedicados ao
serviço, sem pretensões ao poder e a privilégios.
Pai, que
eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu semelhante, de modo especial,
aos mais necessitados. Pois nisto consiste minha verdadeira grandeza de
discípulo. E que nesta busca eu seja simples, puro e humilde como as crianças.
Padre Bantu
Mendonça
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Nossa Senhora das Vitórias te cubra de Bênçãos