A Palavra de Deus nos convida, irmãos e irmãs, a
uma profundidade que vem do Espírito Santo, o qual pode fazer calar a verdade
em nossas almas, gerando atitudes concretas que apontam para o mistério dos
mistérios, fonte de toda a graça: a Santíssima Trindade!
Em busca de beber da fonte, e talvez ainda marcado
pelo medo de se expor, Nicodemos vai ter com Jesus no cair da tarde (cf. Jo 3).
Sendo a Luz do mundo, o Senhor não o condena, mas o acolhe em sua procura e
miséria para nos revelar o Senhorio no amor que salva! Senhorio que abrange o
passado, presente, futuro e toda eternidade!
Jesus é Senhor para aproximar e nos levar ao Céu!
Mesmo que, depois de mais dois milênios, Ele tenha de ouvir, até de cristãos:
“Mas ninguém veio de lá!” “Ninguém voltou de lá para contar!”. A primeira
interrogação pode expressar uma triste distração quanto à Palavra de Deus,
enquanto a afirmação segunda pode patentear uma ignorância que precisa ser
superada, pois Aquele que só tem palavras de vida eterna veio do Alto, para
“lá” (mais a frente será explicada as aspas) retornou e, ao mesmo tempo,
continua no meio de nós de diferentes maneiras. Fundou a Sua Igreja como
sacramento universal do amor e da verdade que não abandona os amados: “Ninguém
subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu: o Filho do Homem” (Jo 3, 13).
Cristo é ponte de comunhão salvífica, Ele continua
na história a se comunicar o Seu plano de amor pelo poder do Espírito Santo!
Plano de salvação da Santíssima Trindade para toda realidade criada, tendo o
ser humano como o centro e meio de plenificação de todas as coisas no amor: “De
fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o Seu Filho único, para que todo o que
n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna» (cf. Jo 3,16).
Sabe-se que, no Evangelho de São João, diferente
dos Evangelho Sinóticos, utiliza-se pouco a palavra Reino; no lugar desta,
encontra-se os conceitos vida ou vida eterna. Par dizer que a comunhão com
Jesus pela fé, esperança e amor significa participação real no Reino e certeza
de uma vida plena e eterna a partir do tempo: “Esta é a vida eterna: que
conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que
enviaste” (Jo 17, 3). Sim! O Evangelho a ninguém engana! É possível
experimentarmos a vida eterna (escatologia presente) já agora, mediante um
relacionamento sincero com Ele: a vida eterna que apareceu no nosso meio! Uma
graça que não merecemos, mas, por misericórdia, foi conquistada pela entrega
total d’Ele por cada um de nós. Um amor oblativo e radical: “Como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a
fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna” (Jo 3, 14-15).
O Filho de Deus, não se importou em humilhar-se
cada vez mais (cf. Fl 2, 6-11), até o ponto de poder ser comparável àquela
antiga serpente de bronze feita por Moisés (cf. Nm 21, 6-11). Tudo isto por
força do humilde amor! Ou conceito chave, que encontramos também nas
Escrituras, quando se refere ao mistério de Cristo.
Só Jesus poderia revelar a necessidade do Amor
Eterno, em se expressar de tantas formas, que chegou a ligar, intimamente, o
momento de Sua crucifixão e morte à glorificação-exaltação. Por isso, ensina o
Catecismo da Igreja Católica, sem erro: “A Morte de Jesus não foi fruto do
acaso, nem coincidência infeliz de circunstâncias várias. Faz parte do mistério
do desígnio de Deus…” (CIC nº 599). Projeto de amor que não exclui ninguém e
tampouco anula a liberdade humana para que ele se concretize totalmente na vida
de cada um.
É verdade que Jesus já fez o “necessário” para a
salvação de todos, mas o Seu incansável amor continua a agir mediante a Sua
Igreja, ou ainda, por meio de membros do Seu Corpo Místico que, por influxo do
Espírito Santo, caminha neste mundo como povo de Deus, rumo à pátria
definitiva.
Explicando as aspas, e não só, uma morada Eterna
revelada por Quem de “lá” veio, ainda que este “lá”, não seja um lugar
geográfico-material no tempo e no espaço, enquanto realidade pós-morte, pois
Céu é o jeito glorioso de Deus (cf. CIC nº 2794)! No entanto, o aqui e o agora
da decisão de exaltar a cruz e todos demais mistérios de Cristo, com a nossas
palavras e vida, não pode, de forma alguma, esperar o juízo particular ou
final. O tempo da conversão é agora: “É agora o momento favorável, é agora o
dia da salvação” (2Cor 6,2). Exaltado seja a cruz do Senhor! A Ele toda a honra
e toda a glória, por todos os séculos dos séculos! Amém!
Padre Fernando Santamaria
Comunidade Canção Nova
Comunidade Canção Nova
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Nossa Senhora das Vitórias te cubra de Bênçãos