Alegrai-vos, pois a vossa libertação está próxima!
novembro 29th, 2012
Estamos nos últimos dias da
vida terrena de Jesus após a Sua entrada triunfal em Jerusalém. Jesus
está a completar a catequese dos discípulos e, nesse contexto,
anuncia-lhes tempos difíceis de perseguição e de martírio. Avisa-os,
também, de que a própria cidade de Jerusalém será, proximamente, sitiada
e destruída. Ora, é neste contexto e nesta sequência que aparece o
texto do Evangelho de hoje.
A peça fundamental à volta da qual se
estrutura o Evangelho de hoje, está na referência à vinda do Filho do
Homem com grande poder e glória e no convite a cobrar ânimo e a levantar
a cabeça, porque a libertação está próxima.
A palavra “libertação” é característica
da teologia paulina (1 Cor 1,30; cfr. Rom 3,24; 8,23; Col 1,14), na qual
é usada para definir o resultado da ação redentora de Jesus em favor
dos homens. O projeto de salvação/libertação da humanidade, concretizado
nas palavras e nos gestos de Jesus, é apresentado como o resgate de uma
humanidade prisioneira do egoísmo, do pecado, da morte. Trata-se,
portanto, da libertação de tudo o que escraviza os homens e os impede de
viver na dignidade de filhos de Deus.
A mensagem, proposta aos discípulos, é
clara: espera-vos um caminho marcado pelo sofrimento, pela perseguição;
no entanto, não vos deixeis afundar no desespero, porque Jesus virá
novamente. Com a Sua vinda gloriosa cessará a escravidão insuportável
que vos impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo novo
de alegria e de felicidade plenas.
Os “sinais” catastróficos apresentados
não são um quadro do fim do mundo, mas imagens utilizadas pelos profetas
para falar do Dia do Senhor, isto é, o dia em que Deus intervirá na
história para libertar definitivamente o seu povo da escravidão,
inaugurando uma era de vida, de fecundidade e de paz sem fim. O quadro
destina-se, portanto, não a amedrontar, mas a abrir os corações à
esperança: quando Jesus vier com a Sua autoridade soberana, o mundo
velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da
salvação/libertação sem fim.
Há, ainda, um convite à vigilância: é
necessário manter uma atenção constante, a fim de que as preocupações
terrenas e as cadeias escravizantes não impeçam os discípulos de
reconhecer e de acolher o Senhor que vem.
A reflexão acerca do Evangelho de hoje
pode tocar, entre outros, os seguintes pontos: a realidade da história
humana está marcada pelas nossas limitações, pelo nosso egoísmo, pela
destruição do planeta, pela escravidão, pela guerra e pelo ódio, pela
prepotência dos senhores do mundo. Quantos milhões de homens conhecem,
dia a dia, um quadro de miséria e de sofrimento que os torna escravos,
roubando-lhes a vida e a dignidade! A Palavra de Deus, que hoje nos é
servida, abre a porta à esperança e grita a todos os que vivem na
escravidão: “Alegrai-vos, pois a vossa libertação está próxima!” Com a
vinda próxima de Jesus, o projeto de salvação/libertação de Deus vai
tornar-se uma realidade viva; o mundo velho vai converter-se numa nova
realidade de vida e de felicidade para todos.
No entanto, a salvação/libertação que há
de transformar as nossas existências não é uma realidade que deva ser
esperada de braços cruzados. É preciso “estar atento” a essa salvação
que nos é oferecida como dom e aceitá-la. Jesus virá, mas é necessário
reconhecê-lo nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos
que sofrem e que buscam a salvação.
É preciso, também, ter a vontade e a
liberdade de acolher o dom de Jesus, deixar que Ele nos transforme. É
preciso, ainda, ter presente que este mundo novo – o qual está
permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho – nunca será
uma realidade plena nesta Terra, mas sim uma realidade escatológica,
cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, haver destruído
definitivamente o mal que nos torna escravos.
Padre Bantu Mendonça
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Nossa Senhora das Vitórias te cubra de Bênçãos